O meu amor é cristalino,
tão grande, tão menino.
É um amor assim gigante
que toma conta de mim.
Ganha uma dimensão
tão real que não
cabe no coração...
É por isso que o meu amor
sai de mim e reproduz
o meu ser no teu ser.
É por isso que
esse sentimento
invade, toma conta
de todos os espaços,
preenche a sua vida
e recria-se no seu sim.
O meu amor,
por ser tão gigante
é indefeso,
não consegue seguir sozinho...
Sai por aí tropeçando em tudo:
ciúmes, medo, dor e querer.
É um querer exagerado,
quase que desesperado.
Tem o amor
(que já não é só meu):
tem vida própria,
iniciativa, liberdade, irreverência.
Acredita ser dono do mundo,
ter poder absoluto.
E em seu nome toma decisão.
Não há mais razão,
não há mais corpo,
não há mais pele.
Só o tal amor,
que rói ossos,
que dói na alma,
que fere gente inocente,
que faz coisa indecente.
É aquele amor...
Aquele que nasceu na fonte,
puro, limpo,
livre e cristalino.
Mas por ser tão grande,
tão menino,
é vadio e egoísta.
Então, consciente de sua falta
de consciência,
faz esse amor
voltar à sua origem...
Voltar às minhas entranhas,
rever as voltas que a vida dá.
Consumir o amor por amor.
Destruir, diluir, reduzir...
E aí sim posso de novo dizer:
O meu amor é cristalino,
tão grande, tão menino.
É um amor assim,
só amor.
Um amor
tão só!
Kátia Fico